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Bairro Pinheiros

Escrito Por Michely Wesoloski às 13:30 em
Por um lapso, pensou que tudo seria diferente.
Nada a podia coagir, não fosse o maldito segundo após um breve olhar no igualar dos ponteiros de seu relógio.
Levantou-se e como de costume, retirou-se da mesa levando consigo um copinho contendo um final de café expresso, gelado por ter sido intocado, em instantes que foram usados para terminar a leitura de alguns parágrafos de artigos do código penal.
“Isso sim é um crime!!!” Passou pela sua cabeça ao ver um rapaz estilo “cdf” adicionando adoçante em seu humilde cafezinho.
Era gente entrando e saindo num fluxo notável, livrou-se rapidamente daquele lugar deixando seu copo plástico na lixeira.
A caminho da casa acelerava o passo, na idéia de poder chegar mais rápido ao leito de seus sonhos eternos, pois já estava tão cansada e dolorida que o frio lhe contraía o cérebro, fazendo-a espirrar a medida em que caminhava com mais avidez.
Pensava então em seu possível banho quente e ininterrupta queda em sua cama de cobertas fofinhas e lençóis branquinhos e limpinhos que esperavam pelo calor de seu corpo
“Você por aqui?” Na entrada de seu prédio, veio-lhe a mente a primeira vez que havia notado a presença daquele ser em sua vida.
O sorriso largo e gostoso, tão casual e mais possível de todas as primeiras intenções do mundo.
Lembrou-se de toda aquela surpresa agradável, por encontrar no hall do seu prédio a pessoa que lhe proporcionaria tantos profundos e intensos momentos de sentimentos.
Ficou com aquela talvez boa lembrança, enquanto permaneceu fitando os números aumentando, e o cheiro da lembrança daquele perfume diminuindo, até cessar totalmente, pois havia chegado a seu andar.
Abriu a porta, sua casa era assim: gelada e cinzenta, com alguns pôsteres bizarros jogados pelas paredes, um sofá cama vazio completamente de pessoas, um violão esquecido por horas bem no cantinho escuro da sala, bem assim mesmo seu esconderijo.
Jogou sobre uma mesinha de computador, seu material da faculdade: livros repletos de poeira de biblioteca, seu toca cd de mp3 com músicas dos anos oitenta.
Água, pasta de dente, escovas, pijama, muitas meias...Tentou inutilmente continuar sua leitura, deitada deu um belo e comprido suspiro, seguido de um bocejo e simplesmente adormeceu com a luz acessa, iniciando orelhas em seu pequeno livro envolto de seus braços.

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