Caixinha
Hoje, neste dia imensamente chuvoso, desisti de você
Desisti de todos os sonhos que pensamos, desisti de tudo o que tínhamos que fazer.
Guardei também em uma caixinha, todos os seus beijos e carinhos, todos os seus gemidos ao pé da minha orelha, guardei sim, guardei bem em uma caixinha, todos aqueles abraços de inverno, os olhares, os gestos, as lembranças.
Fiquei pensando no caso de alguém abrir sem querer a caixinha, vai que alguém sem querer...
Pensei e optei por guardar num lugar mais seguro, num lugar que talvez só um cardiologista tivesse acesso.
E guardei lá, depois joguei a chave fora, e por via das dúvidas, joguei as chaves reservas também, pra não cair na tentação de abrir a caixinha novamente.
Guardei num lugar que já era seu, só que agora não anda mais tão aquecido, pelo contrário, ele foi ficando triste e cada vez mais gelado.
A essa caixinha, ninguém mais vai ter acesso, fica assim então: PROIBIDO, e como as lembranças foram trancadas juntas, não terei como pensar em você.
E vai sumir pra sempre da minha vida, porque foi bem guardado aqui dentro.
Também não vai ter visitas, nem reencontros, e principalmente, nunca mais haverá despedidas.
Não verei você partir, nem andar, nem chorar, não verei você.
Não verei mais você, mais você, você? quem era pra ser?
Só sei que esse é um texto sobre chuva, que cai lentamente e molha meu rosto.
Às vezes se transforma em uma lágrima e escorre, e quando tento lembrar se era você, não lembro. Aí percebo que era só uma lágrima.
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