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Algodão-Doce

Escrito Por Michely Wesoloski às 13:30 em
Olhando o mundo pela janela
Não viu os vasos nem primaveras
Nem notou a cortina suja e velha
Acendeu o cigarro, entre a primeira tragada, uma espreguiçada.
Vontade de acabar com a vida, essa coisa de viver feito pós-adolescente.
De ser gente que sente, de responsabilidades.
Que olha pro oásis sem saber se é miragem
Que paga as contas, que vive com pressa, que pega metrô, que diz adeus.
Que tem horário, que tem chefe, roupas velhas no armário.
Que às vezes sorri camuflando toda a dor, que dorme no escuro, talvez sem calor.
Que espera nas filas, nas salas de espera, que não aprende nunca como faz para perdoar.
Que tem de seguir, sempre se levantar, e cumprir as tarefas.
E de que adianta reclamar?
E retorna à memória, seus tempos de infância.
Os adultos ao redor afagavam-lhe os cabelos, seguravam-na nos braços quando a noite sentia medo.
Tinha proteção e seus vários brinquedos.
Não tinha nada dessas coisas chatas do mundo dos adultos.
Ela não precisava mentir, nem sabia o que isso era, apenas sentia a vida passar no cenário de parque de diversões.
Vida toda de pirulito, toda colorida, cheia de algodão-doce.
Idênticos às nuvens de algodão-doce-gigante que ela via lá longe no céu.
Várias formas, uma doçura infinita que ela queria crescer parar pode alcançar.
Nesse momento a brasa do cigarro caiu no tapete cinza, ela olhou novamente e pela janela viu nuvens se dissipar.
Parou de pensar nessas bobagens, e deitou-se.
Adormeceu ela, e a menina presa dentro de si.


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