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Quando entoa o coração

Escrito Por Michely Wesoloski às 13:40 em
Sentimento descabido
Este amor mais que atrevido
Que chegou sem dar aviso
E entrou num labirinto
Sem ter portas pra fugir

Dos seus erros fez canção
Parte a parte nada em vão
Dos milhares de pedaços
Foi montando emaranhado
Dando forma ao coração

Que outrora foi usado
Enganado, magoado
Rejeitado então partiu
Levando na mala até pegadas
Impressões digitais, não deixou nada

Mas hoje ele canta mais alto que rádio
Em uníssono emite seu som ritmado
Grito mudo, vibrações em escalas de Sol
E compondo seus acordes de sons sustenidos
À batida de cada batimento entoa:

São meus olhos que te acariciam
Quando ouço tua voz
Que anestesiam meus ouvidos
E só de estares em meus pensamentos
Faz que eu nunca me sinta sozinha

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Algodão-Doce

Escrito Por Michely Wesoloski às 13:30 em
Olhando o mundo pela janela
Não viu os vasos nem primaveras
Nem notou a cortina suja e velha
Acendeu o cigarro, entre a primeira tragada, uma espreguiçada.
Vontade de acabar com a vida, essa coisa de viver feito pós-adolescente.
De ser gente que sente, de responsabilidades.
Que olha pro oásis sem saber se é miragem
Que paga as contas, que vive com pressa, que pega metrô, que diz adeus.
Que tem horário, que tem chefe, roupas velhas no armário.
Que às vezes sorri camuflando toda a dor, que dorme no escuro, talvez sem calor.
Que espera nas filas, nas salas de espera, que não aprende nunca como faz para perdoar.
Que tem de seguir, sempre se levantar, e cumprir as tarefas.
E de que adianta reclamar?
E retorna à memória, seus tempos de infância.
Os adultos ao redor afagavam-lhe os cabelos, seguravam-na nos braços quando a noite sentia medo.
Tinha proteção e seus vários brinquedos.
Não tinha nada dessas coisas chatas do mundo dos adultos.
Ela não precisava mentir, nem sabia o que isso era, apenas sentia a vida passar no cenário de parque de diversões.
Vida toda de pirulito, toda colorida, cheia de algodão-doce.
Idênticos às nuvens de algodão-doce-gigante que ela via lá longe no céu.
Várias formas, uma doçura infinita que ela queria crescer parar pode alcançar.
Nesse momento a brasa do cigarro caiu no tapete cinza, ela olhou novamente e pela janela viu nuvens se dissipar.
Parou de pensar nessas bobagens, e deitou-se.
Adormeceu ela, e a menina presa dentro de si.


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A Menina

Escrito Por Michely Wesoloski às 13:20 em
A menina percebeu que ficou muda.
Andava feliz pelo bosque-das-flores e levou um forte golpe no estômago.
A menina acordou e aturdida percebeu que estava no vale-das-sombras.
Sentiu medo, teve raiva, sentiu a temperatura de seu corpo aumentar, e não conseguia absorver uma só palavra, não entendia nada e não conseguia escutar mais as pessoas.
A menina, agora, ficou confusa, e se diverte e satisfaz com corpos e bocas estranhas, depois sente nojo, e repulsa.
Ela expele nervoso pelos poros, e cheiro de mágoa ela exala pelo ar.
A menina perdeu a inocência, ela sofreu grande perda e mudanças terríveis.
A menina ficou sozinha e reclusa, e agora está definhando.
Correm etanóis em suas veias.
Seu amor ainda bate, bate em sua aorta que ela insiste pensar em cortar.
A menina não sabe ao certo o que vai fazer quando encontrar a pessoa que destruiu a sua vida.
A menina aprendeu que no mundo se faz e se paga, só que existem aquelas pessoas que pagam caro, muito mais caro que outras.
A menina pagou caro, e agora decidiu:
Fiquem com o troco...

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