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Dois Mundos Em Colisão

Escrito Por Michely Wesoloski às 11:20 em
Antes de se conhecerem, o tempo era apenas contado.
A culpa não era delas nem do destino, era sim do dicionário que não entendia realmente nada sobre o que não continha nele.
Foi difícil encaixar as peças, parecia àquelas criancinhas primogênitas que olhavam pasmadas as fotos com aspecto de sépia, as roupas que seus irmãozinhos mais novos usavam, eram exatamente iguais as delas ou eram as mesmas? E os brinquedos também? Não por serem velhos não, é que havia um sentimento de que outrora tivesse sido usado, em um momento de “descompartilhamento”.
Um grande esforço, um esforço enorme para sentirem que tinham necessidades maiores e que podiam fazer com que passassem por qualquer obstáculo ou situação desagradável, passava pelo ar.
Quando se olhavam, dava pra ver aquele brilho intenso nos olhos, onde parecia mais um vulcão pronto a entrar em erupção, então não importava se uma gostava de café fraco e doce e a outra de leite com “ovomaltine” e “mashmalow”.
Tinha um certo charme quando na confecção de um bolo de chocolate ela lambia lentamente seus dedos com as “raspinhas” de brigadeiro da panela.
Nada era mais gostoso que aquela sensação de quentinho e gostinho lunático sabor chocolate.
Ela abraçava-se a seu peito e ouvia vários sons diferentes, achava graça o barulho da digestão.
As músicas boas rodavam a beça, as críticas, as sugestões de roupas, os filmes bons.
Nas baladas soltavam beijos pelos ares, outra ficava fritando as inutilidades mais novas possíveis e prováveis idéias geniosas, era o próprio ato da criação.
Seus corpos se encaixavam, os beijos eram com cobertura de desejos, cheios de vivacidade, as vezes descontraídos, roubados, loucos, atrevidos.
A carência era suprida, e as situações complicadas de crise absoluta, eram interrompidas pela intempestividade de uma das vítimas.
Era coisa de cinema, aquele monte de absurdos, problemas, parecia seriado, era repleto de amizades e casos engraçados.
Quando faltava a “bebidinha azul”, tinha “callsbeer”, sempre se dava um jeito, tanto que se não existisse inventava, e se não dava pra inventar, improvisavam.
Não conseguiam mais ficar separadas, pareciam gêmeas univitelinas co-ligadas, não conseguiam aprender viver sozinhas.
Era pior dos piores pesadelos quando gritavam, tanto tanto tanto, que, começaram a se distanciar, e quanto mais gritavam mais de distanciavam, até não poder mais se escutarem.
O mau humor deixou de terminar em risadas, já estava doendo tanto que parecia uma cólica renal, de algum paciente em estágio grave de doente.
Elas apenas tinham que descobrir novamente, e relembrar dos fatos alucinantes, das cores e coisas excitantes e estonteantes.
Deviam se lembrar das danças e carinhos secretos, dos beijos e abraços eternos, lembrar dos mistérios e desejos, de largar todos os vícios e medos, de voar por ai, porque para elas o excesso não devia ser o desperdício, e os defeitos nem eram para serem percebidos.
Era apenas um tocar no corpo que nenhuma sentia mais a necessidade de acordar.

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